domingo, 10 de abril de 2011

Mais uma Maria.

Maria não era uma mulher de vinte e poucos anos bem resolvida na vida. Ela não tinha tanto dinheiro, um carro incrível, um apartamento sempre limpo e vida sexual ativa. Maria tinha uma faculdade, provas que ela ia mal, uma diarista que falava demais, o chuveiro com problemas e uma calça jeans que ñ entrava. Maria era bonita, mas ñ tinha sorte com o amor, tinha muitos amigos mas se sentia vazia, e chorava, xingava, tomava porres gigantescos por causa de um ex namorado. Maria é o tipo de mulher que chora até hoje por um ex namorado.
Um dia Maria passou por ele, lindo como sempre, aqueles olhos ridiculamente verdes (verde azeitona,sabe-se lá, era difícil de explicar,mas era um verde só dele), aquela cara de filho da puta bem resolvido,e viu as mulheres comentando, porque era isso qe elas faziam quando ele passava, mas ele era um babaca destruidor de egos, dizia ela.
-Maria...quanto tempo,tudo bem?
-É,tudo
-Pois é, eu sinto falta daqueles nossos cinemas,precisamos ir um dia.


Pronto,a merda estava feita.

Cineminha na cabeça de Maria significava um retorno e um namoro feliz, filhos lindos e sujos de areia, um amor e uma cabana, um labrador e uma biblioteca, logo isso, “cineminha” , que na cabeça dele era apenas “sexozinho casual” e pizza depois. Maria então marcou o cinema para a sexta e o casamento para o próximo ano, e colocou o perfume que ele gostava, a roupa que ele gostava e fez do seu quarto um verdadeiro memorial ao ex.
E então foi ao cinema. Filme incrível,diretor foda,mãos dadas,cabeça no ombro,beijos apaixonados, olho no olho, o cigarrinho depois, as risadas de sempre, as mesmas implicâncias e assim ela tinha certeza que aquele amor tinha voltado completamente.
Pensou que os tempos de mau humor e abstinência tinham ido embora para sempre e se viu sexualmente feliz e com o coração resolvido, um sorriso de dar inveja e a vida melhor do que nunca. Foram para casa,dormiram de conchinha,tomaram café juntos e ele foi embora.
No dia seguinte ela esperou a ligação. Desmarcou compromissos,marcou cabeleireiro, fez pé, mão, enfim, fez merda, pois passou o dia todo esperando ele ligar. Meia noite e nada, ele não tinha aparecido, e assim Maria voltou para a casa com problemas no chuveiro, a diarista que falava demais, as folhas da faculdade, a calça jeans que não entrava e um espelho imenso que refletia sua cara de otária, apenas com o cabelo e unhas mais bonitas, mas a cara de otária que ela reconhecia bem, cara de quem tinha se ferrado mais uma vez. 

E então ela dormiu esparramada naquela cama maior que seu orgulho próprio, e chorou o dia seguinte, e o seguinte, e o seguinte, e dias depois ela foi a uma festa,mas não se divertiu, não aproveitou, nem conheceu alguém “Pois a vida é assim mesmo Maria” , simplesmente não acontece.

Maria hoje continua sem ser uma mulher de vinte e poucos anos bem resolvida com a vida, mas Maria é bonita,só não tinha sorte com o amor, tinha muitos amigos mas ocasionalmente se sentia vazia, e chorava, sofria, xingava, tomava porres gigantescos por causa de um ex namorado.
Maria é o tipo de mulher que chora até hoje por um ex namorado.
Mas pelo menos hoje em dia, não vai mais ao cinema. (Ela aprendeu que a vida é assim mesmo, simplesmente não acontece).

The End.

 Não sei quem foi o autor, por isso não tenho como colocar os créditos.

 

Uma ótima semana pra gente,

Juli

2 comentários:

  1. Jujuba,

    A Maria é representante de muitas mulheres. Difícil não ler o texto e não se identificar de alguma forma com Maria. O bom é que Maria, apesar de não ter sorte no amor,tinha sorte com amizade. Ela tinha amigos! E, segundo Maria Helena Mota, o amor é uma amizade sem limite. Talvez de uma amizade brote, para Maria, o verdadeiro amor. Amei o texto!

    ResponderExcluir
  2. Todo mundo tem um pouco de Maria. Algumas amigas minhas leram e tb se indentificaram muito.

    Eu já tive o meu também... mas pelo menos hoje em dia não choro mais por um ex namorado... e nem vou mais ao cinema. Rs...

    ResponderExcluir