terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Não é sexo, não é amor, é maior que ambos...


Ele enfia, você sente tudo sendo preenchido,os olhos se cruzam, as bocas se buscam…
Depois ele te chupa, você goza e o silêncio é ensurdecedor por alguns segundos.

E você passa o dia todo com pequenos arrepios lembrando do que aconteceu, sempre tirando um sorriso do rosto.

Esse é um dos parâmetros de quando a foda foi além do sexo, quando o sexo foi além da foda. Às vezes trepamos, quase sempre transamos, poucas vezes fazemos amor, mas em raríssimas vezes tudo isso vira algo inexplicável a ponto de conseguir tachar o sexo apenas como “algo mágico”. E isso dá mais tesão do que pode parecer.

Sim, há pitada do romantismo nato daquele que vos escreve agora, mas minhas melhores fodas foram com sentimento envolvido. Não posso chamá-las de foda, é algo além que não sei explicar. O gosto muda, a pele se aquece de maneira diferente, a intensidade dos beijos e dos olhares e da respiração e da pulsação parece alcançar níveis que nem a Escala Richter seria capaz de medir. É o sussurro que molha, a mordida que enrijece, a puxada que alucina… De tanta vida entregue e tanto desejo queimando, é o morrer consentido.

Trepar por trepar, foder por foder é fácil. Consegue-se isso em qualquer balada, em qualquer boteco, em qualquer rede. Podem ser transas boas, algumas inesquecíveis, outras memoráveis, a maioria apenas masturbações em corpos alheios. Como buscar a conexão com alguém que apenas te atrai fisicamente? Como transmutar o tesão em algo quase palpável, externado em algo que você não consegue explicar?

A conexão é a chave disso tudo. A conexão que faz encaixar independendo da posição ou de quem gozou. Você sente o pulsar do sexo na ponta dos dedos como se cada dedo fosse uma chave diferente abrindo a mesma porta, o mesmo orgasmo, a mesma válvula que faz o corpo entrar em curto e a cabeça esquecer o que é pensar. Um simples beijo é capaz de acender todo esse inferno gostoso de arder.

A urgência faz tudo levar segundos para acontecer e horas para amenizar o impacto e uma vida para sempre querer de novo, outra vez, novamente. Não importa a roupa, o local, o tempo, o horário. Vocês precisam que aconteça e acontece e tudo volta a fazer sentido, o mesmo gosto volta à boca, a mesma marca volta ao corpo, o mesmo fluído volta a lubrificar aquilo que nunca esteve emperrado. A mim parece que um quer ocupar o corpo do outro, por isso o aperto cada vez mais apertado faz do fluxo de energia algo permutado entre ambos. Naqueles instantes, respirando e processam o mesmo oxigênio, a mesma intenção, o mesmo tesão, a mesma falta de compreensão do que é aquilo que está a acontecer. Entendem tudo e sabem nada e não precisam de explicação.

Você se lembra quando se conectou assim com alguém. Onde o sexo fez o sentimento transbordar pau e buceta, onde o sentimento fez o sexo salivar e suar e esquecer do mundo. Não, isso você não conseguiu com a primeira foda com aquele moreno da balada passada. Não, isso você não terá com o loiro amigo da vizinha da sua amiga ao treparem na garagem escondidos. Sinto muito: pode ser que você realmente viva sem saber do que estou falando. Não é sexo, é além. Não é amor, vai acima disso. E ambos se unem, se completam, carecem um do outro, padecem na ausência um do outro e faz do sexo alheio algo sem razão, sem sentido, sem sentir, sem querer.

Eu não vou conseguir me fazer entender. Só espero que você entenda o que digo. Tomara que um dia entenda. Isso não acontece mais do que uma vez na vida: quando uma pessoa muda todo seu modo de sentir, de querer, de gozar, de endurecer, de molhar. Você quer aquele corpo, aquela língua, o teu suor naquele pescoço, aquela mordida na tua nuca, aquele tapa na tua bunda, aquele jato na tua pele, aquele amor no teu sexo. E ainda assim não é sexo, não é amor, é maior que ambos.

Quem diria que amor e sexo poderiam ser um ato de mágica? Bastam uma varinha e uma cartola… e um sentimento único e intransferível.

Por @FelipeVoigt < Clique e siga-o no Twitter

Com carinho,

July.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Suflê De Legumes

Oi queridos, depois de um tempinho sem aparecer resolvi voltar. E trouxe comida!!!
 
Desde que fiz o blog tinha vontade de postar uma de minhas receitas aqui. Sim, MINHAS, afinal, como boa amante da culinária eu nunca me contento com o velho caderno de receitas da vovó e sempre invento alguma coisa.

Espero que com esses posts gastronômicos vocês percebam que além de linda, inteligente e modesta como sou, ainda sou muito prendada e “o homem que casar comigo há de ter uma vida de rei!”

Para a escolha da receita, não tinha como ser outra: como uma forma de homenagear minha mãe e relembrar minha infância resolvi improvisar a receita de Suflê de Legumes de mainha.

P.S.: eu não sou expert em culinária, mas eu me viro muito bem!



Vamos à receita!

Ingredientes:

01 cenoura grande descascada cortada em cubos
03 batatas médias descascadas e cortadas em cubos
½ cebola pequena picada
03 colheres de sopa de margarina
300 ml de leite
½ xícara de farinha de trigo com ou sem fermento
04 colheres de sopa de queijo parmesão ralado
02 claras em neve
01 gema
Sal à gosto
Noz moscada à gosto

Passo-a-passo: Cozinhe os legumes em água com sal à gosto, após cozido, tire a água e reserve. Em fogo baixo, doure a cebola na manteiga, acrescente a farinha de trigo, mexa até obter uma mistura homogênea com cuidado para não embolar. Acrescente o leite devagar mexendo sempre até dissolver toda farinha, continue mexendo até formar um creme consistente. Junte os legumes e misture bem, acrescente a gema, o parmesão  e a noz à essa mistura. Desligue o fogo e espere esfriar uns 7-10 minutos. (Aproveite esse tempo para lavar a louça rs)

Logo em seguida misture delicadamente a clara em neve aos legumes. ATENÇÃO:  Essa etapa e importante pra manter a leveza do suflê.

Coloque numa travessa e leve ao forno pré-aquecido, a 140°C e deixe gratinar.

Retire com cuidado a travessa do forno.
Sirva com arroz e batata palha.


Bon Appetit!



July.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Um dia, um anjo passou por mim...

Hoje não está sendo um de meus melhores dias, eu nem ia acessar o computador hoje com tanta correria, mas quando cheguei o note de minha irmã estava ligado em minha cama, então resolvi fazer meu tour social. Foi passeando pelas redes sociais que vi uma atualização de um amigo, também futuro colega profissional, onde tinha uma mensagem de despedida pra uma pequena paciente dele que faleceu com leucemia. Começei a analisar a foto dele com a pequena e é incrível como a expressão de um olhar de criança (principalmente nessa condição) é comovente pra mim. Vi também que haviam muitos comentários solidários. Em um, inclusive, tinha as palavras da mãe da criança que inevitavelmente me levaram às lágrimas. Finalmente no último comentário tinha um link que irresistivelmente abri. Me deparei com uma verdadeira lição de vida, não só pra mim, futura médica, mas pra todos. Uma história que vai fazer todo mundo parar alguns minutos (ou até alguns dias) de sua vida e refletir um monte!




Médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional, com toda vivência e experiência que o exercício da medicina nos traz, posso afirmar que cresci e me modifiquei com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Dizem que a dor é quem ensina a viver.

Não conhecemos nossa verdadeira dimensão, até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além. Descobrimos uma força mágica que nos ergue, nos anima, e não raro, nos descobrimos confortando aqueles que vieram para nos confortar.

Um dia, um anjo passou por mim...

No início da minha vida profissional, senti-me atraído em tratar crianças, me entusiasmei com a oncologia infantil. Tinha, e tenho ainda hoje, um carinho muito grande por crianças. Elas nos enternecem e nos surpreendem como suas maneiras simples e diretas de ver o mundo, sem meias verdades. Nós médicos somos treinados para nos sentirmos "deuses". Só que não o somos!

Não acho o sentimento de onipotência de todo ruim, se bem dosado. É este sentimento que nos impulsiona, que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além. Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência, o que não é bom. Quando perdemos um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses. Somos forçados a reconhecer nossos limites!

Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Nesse hospital, comecei a freqüentar a enfermaria infantil, e a me apaixonar pela oncopediatria. Mas também comecei a vivenciar os dramas dos meus pacientes, particularmente os das crianças, que via como vítimas inocentes desta terrível doença que é o câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento destas crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim.

Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada porém por 2 longos anos de tratamentos os mais diversos, hospitais, exames, manipulações, injeções, e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapia e radioterapia. Mas nunca vi meu anjo fraquejar. Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro. Via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano! Mas via confiança e determinação. Ela entregava o bracinho à enfermeira, e com uma lágrima nos olhos dizia: faça tia, é preciso para eu ficar boa.

Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinhoe encontrei meu anjo sozinho no quarto.Perguntei pela mãe. E comecei a ouvir uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção. Meu anjo respondeu:

 - Tio, disse-me ela, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!

Pensando no que a morte representava para crianças, que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes, indaguei:

- E o que morte representa para você, minha querida?

-Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama não é?

(Lembrei minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exatamente assim.)

- É isso mesmo, e então?

-Vou explicar o que acontece, continuou ela: Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é?

- É isso mesmo querida, você é muito esperta!

- Olha tio, um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!

Fiquei “entupigaitado”. Boquiaberto, não sabia o que dizer. Chocado com o pensamento deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande espiritualidade desta criança, fiquei parado, sem ação.

- E minha mãe vai ficar com muitas saudades minha, emendou ela.

Emocionado, travado na garganta, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei ao meu anjo:

- E o que saudade significa para você, minha querida?

- Não sabe não tio? Saudade é o amor que fica!

Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um dar uma definição melhor, mais direta e mais simples para a palavra saudade: É o amor que fica!

Um anjo passou por mim...  Foi enviado para me dizer que existe muito mais entre o céu e a terra, do que nos permitimos enxergar. Que geralmente, absolutilizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos, nossa transcendência.

Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas me deixou uma grande lição, vindo de alguém que jamais pensei, por ser criança e portadora de grave doença, e a quem nunca mais esqueci. Deixou uma lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores.

Hoje, quando a noite chega e o céu está limpo, vejo uma linda estrela a quem chamo “meu anjo”, que brilha e resplandece no céu. Imagino ser ela, fulgurante em sua nova e eterna casa. Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que ensinaste, pela ajuda que me deste. Que bom que existe saudades!

O amor que ficou é eterno.

Rogério Brandão
Médico oncologista clínico
RC Recife Boa Vista D4500
Cremepe 5758


Bom final de semana a todos,

July

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pedacinho...

"viajar..viajar..
Pra onde eu só veja você,
Você beijar-me só
Marajó, Marajó
Qualquer outro lugar comum, outro lugar qualquer.."


Vamos fugir - SKANK